quinta-feira, 12 de março de 2009

A importância da Leitura e Escrita no Ensino Fundamental


A leitura tem sido na escola o cumprimento de uma formalidade. ao priorizar o processo de associar sons e letras, decodificar palavras isoladas, formar frases e períodos, afasta –se o aluno do real sentido da leitura, que é , na nossa perspectiva, a possibilidade de mergulhar no universo conceitual do outro.

Para desenvolver esta prática, é importante redimensionar o conceito de leitura, que na perspectiva teórica assumida aqui não pode ser apenas mecânico, da fluência e da boa dicção. Estes são aspectos necessários mas não suficientes quando se concebe a leitura também como um processo interacional entre o leitor e o autor.

Quando a criança vem para a escola traz consigo uma bagagem de experiências que difere muito de seus padrões, pois o português que falamos em nosso dia –a- dia nem sempre é o mesmo encontrado em livros e textos escritos, portanto cabe a escola, prover atividades enriquecedoras que assegurem o prazer pela leitura.

A leitura , numa concepção de linguagem interacionista, ultrapassa a compreensão da superfície; ela é mais que um entendimento das informações explícitas, um processo dinâmico entre sujeitos que se instituem trocas de experiências por meio do texto escrito. É preciso que em qualquer atividade de leitura a intenção do autor seja reconhecida. PAULO FREIRE, numa entrevista na qual lhe perguntaram o significado da leitura, diz o seguinte: eu vou ao texto carinhosamente. De modo geral simbolicamente , eu ponho uma cadeira e convido o autor, não importa qual, a travar um diálogo comigo. Paulo Freire, com seu jeito poético sintetiza a idéia de leitura por prazer. O sentido, nesta perspectiva, não é algo pronto, acabado no texto, mas é conferido pelo leitor que age, ou seja, põe vida no texto a ser lido. Assim quanto maior o número de experiências significativas com a leitura, maior desenvoltura o aluno vai adquirir no gosto e no prazer pela mesma.

A escola torna-se fator fundamental na aquisição do hábito da leitura e formação do leitor, pois mesmo com suas limitações, ela é o espaço destinado ao aprendizado da leitura. Tradicionalmente, na instituição escolar, lê-se para aprender a ler, enquanto que no cotidiano a leitura é regida por outros objetivos, que conformam o comportamento do leitor e sua atitude frente ao texto. Essas leituras, guiadas por diferentes objetivos, produzem efeitos diferentes, que modificam a ação do leitor diante do texto. Nesse processo, ouvir histórias tem uma importância que vai além do prazer. "O uso do trabalho na escola nasce, pois, de um lado, da relação que se estabelece com seu leitor, convertendo-o num ser crítico perante sua circunstância...".

Para ler muito, ler tudo, alunos e professor devem dessacralizar o trabalho e a biblioteca, que deixam de ser objeto de adoração e templo sagrado, intocáveis. Ler tudo implica, inclusive, trazer para dentro da escola os textos esquecidos, considerados "subliteratura": o gibi, o catálogo telefônico, o best-selller, a propaganda, o panfleto que se distribui na rua, a receita de culinária, ao lado dos clássicos, da literatura informativa. Ler tudo implica desvendar, elucidar a retórica de cada texto, a gramática subjacente a cada um. Desprovidos de preconceito, livres das amarras das rotinas burocratizadas da escola, faremos da leitura um ato criador / questionador.

Quanto mais oportunidades tenham os alunos de ouvir, ver e sentir leituras alheias, maior será o prazer e a sensibilidade para compreender o que lêem e ouvem. Quando a leitura é uma necessidade, um gosto apreciado no ambiente em que a criança vive, se é partilhada, usufruída em comum, a criança desenvolverá o quanto puder a capacidade e o prazer de ler.É através da leitura que se tem acesso aos significados da cultura em que vive, estabelecendo relações entre as informações e construindo sentido para si e para o mundo. A escola, um dos lugares de construção dos saberes sociais, ela precisa considerar a diversidade de significados sociais e culturais que as crianças compartilham. São essas considerações que tornam fundamentais no trabalho com a prática da leitura, à medida que a aprendizagem da leitura e da escrita não é compreendida como uma aquisição mecânica, pois quando entendida dessa forma acaba-se transformando no que pudemos comprovar em nossa pesquisa, sobre o acontece hoje nas nossas escolas, a leitura acaba-se transformando numa prática de sacrifício, sem desejo e prazer.

Não basta oferecer às crianças livros em quantidade, ou ficar apenas nas leituras obrigatórias do livro de apóio didático, é necessário levar a criança a perceber, sentir de verdade que a leitura é um elemento essencial para a vida.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler em três artigos que se completam.23ª. ed. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989.
GUEDES & SOUZA. Leitura e escrita são tarefas da escola e não só do professor de português. In. Ler e escrever compromisso de todas as áreas. Rio Grande do Sul: Editora da Universidade, 1998.
REGO, Lúcia Lins Browner. Literatura Infantil: uma nova perspectiva da alfabetização na pré-escola. 2.ed. São Paulo: FTD, 1990.
TEBEROSKY, Ana; CARDOSO, Beatriz. Reflexões sobre o ensino da Leitura e da Escrita. 8 ed. São Paulo: Vozes

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